Frei Gilberto Gorgulho, OP (1933 – 2012)

por Domingos Zamagna (*)

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Faleceu em São Paulo, às 6,20 hs de terça-feira, festa do Proto-mártir Santo Estevão, o exegeta Frei Gilberto da Silva Gorgulho.

Durante seis décadas Frei Gorgulho, da Ordem dos Frades Pregadores, foi um incansável Pregador da Palavra de Deus.

Natural de Cristina-MG, de família muitíssimo cristã, que deu à Igreja também duas religiosas da Congregação da Providência de Gap, desde que se decidiu pela vida sacerdotal, cursou seminários clássicos e deles herdou o que eles tinham de muito bom: espírito de pobreza e serviço evangélicos, disciplina intelectual, fé sólida vivenciada na oração, espiritualidade, cultura, erudição.      

Entrando na Ordem dos Dominicanos, os superiores acolheram seu desejo de especializar-se em Sagradas Escrituras, enviando-o para estudos avançados na França, em Saint-Maximin (Provence) e Toulouse (Haute Garonne). Em seguida passou pela Universidade Santo Tomás de Aquino (Angelicum) de Roma para a obtenção dos graus acadêmicos em Sagrada Escritura na Comissão Bíblica da Santa Sé. Especializou-se em seguida na École Biblique et d’Archéologie Française de Jerusalém (fundada pelo Pe. Marie-Joseph Lagrange OP e até hoje mantida pelos Dominicanos), filiada à École Pratique des Hautes Études, da Sorbonne-Paris. Durante os três anos que viveu no Oriente, residiu no Convento de Santo Estevão, santo que o acolheu, liturgicamente, no dia de seu falecimento.

Retornando ao Brasil, a partir da década de 60, Fr. Gorgulho se dedicou intensamente ao magistério, principalmente na Escola Dominicana de Teologia, na Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção e no Instituto Teológico Pio XI, em São Paulo, mas sempre dando cursos regulares em Petrópolis (RJ), Viamão (RS) e cursos e palestras em vários estados brasileiros e no exterior. Foi colaborador assíduo da CRB e da CNBB e sempre muito engajado nos trabalhos ecumênicos.

Durante décadas, Fr. Gorgulho orientou centenas de dissertações e teses em estudos bíblicos, formando pelo menos duas gerações de biblistas brasileiros e latino-americanos.

Fr. Gorgulho participou ativamente da preparação e difusão do Concílio do Vaticano II. Recordo-me de vários arcebispos e bispos que passavam horas em seu escritório no Convento de Santo Alberto Magno estudando com ele os documentos preparatórios do Concílio, dentre eles o então arcebispo de Ribeirão Preto, D. Agnelo Rossi, que mais tarde se tornou cardeal-arcebispo de São Paulo e lhe abriu as portas da arquidiocese para um trabalho qualificado de evangelização. A partir de 1971, quando D. Paulo Evaristo Arns OFM substituiu D. Agnelo, entre o novo arcebispo e o frade desenvolveu-se intensa colaboração pastoral, especialmente na evangelização das periferias, para a qual Fr. Gorgulho não mediu esforços, colocando a serviço dos pobres seus conhecidos dons intelectuais, sua ousadia pastoral, seu discernimento teológico e sua liberdade de fiel Pregador da Palavra de Deus.

Teve colaboradores e bons companheiros, porque sempre soube trabalhar em equipe e fiel às amizades: D. Luciano Mendes de Almeida SJ, D. Cândido Padin OSB, D. Tomás Balduíno OP, D. Valdir Calheiros, Frei Carlos Josaphat OP, Pe. José Comblin (hoje no ostracismo em certas dioceses), Frei Carlos Mesters, O. Carm., Pastor Milton Schwantes, Profa. Ana Flora Anderson, Pe. Ticão, Mons. Lancelotti, Prof. Alfredo Bosi, o jornalista Evaldo Dantas e uma plêiade de leigos e leigas que se beneficiavam de seus ensinamentos.

Durante vários anos Fr. Gorgulho dirigiu os trabalhos de tradução da Bíblia de Jerusalém, editada pela Paulus, editora pela qual lançou uma dúzia de títulos.

Colaborador de várias revistas, teve também uma coluna no jornal “O São Paulo”. Na década de 70 era um prazer ouvir seus comentários na TV Record, rápidos e profundos, num quadro chamado “Esta cidade tem alma”.

Intelectual finíssimo, e todavia sempre um homem de hábitos simples, modos de homem do povo do sul de Minas.

Como infelizmente sói acontecer, toda vez que alguém se dedica de corpo e alma, fielmente, à evangelização, aparecem alguns que o acusam de heterodoxia etc. Às vezes isso até pode ser verdade, mas é difícil conhecer alguém mais evangelicamente ortodoxo do que Fr. Gorgulho! No entanto, isso é um leit-motiv na História da Igreja: aconteceu com Santo Tomás de Aquino, com Pe. Lagrange, Pe. Lyonnet… Essas indignidades fizeram com que Fr. Gorgulho precisasse abandonar a cátedra na Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, em São Paulo, sem solidariedade dos professores, num momento em que esta instituição rompia com a Teologia da Libertação.

Foi acolhido durante alguns anos no Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências da Religião, da PUC-SP, orientando dezenas de trabalhos e publicando muitos artigos, até que a idade avançada começou a limitar  seus empreendimentos. Poucos sabem, mas a demissão da PUC-SP, numa vala-comum típica do capitalismo que justamente as instituições católicas gostam de criticar, juntamente com centenas de outros professores, causou-lhe profundo desgosto, sobretudo quando soube que o motivo alegado, mas que o burocrata de plantão não teve coragem de lhe dizer, foi  que “o seu tempo tinha passado”.

De fato, agora são outros tempos, conduzidos por outros agentes, outras lideranças.

Devemos ser humildes, o tempo passa para todos. Que isto seja dito para contemplarmos a suprema verdade: somente o Reino é eterno! “A erva seca e a flor fenece, somente a Palavra do Senhor permanece eternamente” (Is 40,8).

Esperemos que sejam tempos melhores para a Igreja, isto é, de mais liberdade e ousadia (parressía), mais lucidez, mais justiça, mais solidariedade, mais caridade, mais paz, mais alegria. Foi para isso que Fr. Gorgulho, qual semeador, como varão evangélico, passou a vida, pobremente, sem os aparatos do poder, pregando a Palavra de Deus.

 

(*) Jornalista e professor de Filosofia em São Paulo.

Reflexão natalina: O Advento e Presépio

por Leonardo De Laquila
Presépio da Paróquia São Vicente de Paulo montado pelo MJD em São Paulo.

Presépio da Paróquia São Vicente de Paulo montado pelo MJD em São Paulo.

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O Advento (do latim Adventus: “chegada”, do verbo Advenire: “chegar a”) é o primeiro tempo do Ano litúrgico, no qual antecede o Natal. Para os cristãos, é um tempo de preparação e alegria, de expectativa, onde os fiéis, esperando o Nascimento de Jesus Cristo, vivem o arrependimento e promovem a fraternidade e a Paz. No calendário religioso este tempo corresponde às quatro semanas que antecedem o Natal.

Para melhor vivenciarmos esse período, a Igreja propõe que aprofundemos no mistério do “Deus que se fez carne e habitou entre nós” Jo 1:1 e para isso, nada melhor do que o presépio para nos ajudar nessa reflexão.

O primeiro presépio teria sido montado em argila por São Francisco de Assis em 1223. Nesse ano, em vez de festejar a noite de Natal na Igreja, como era seu hábito, o Santo celebrou-o na floresta de Greccio, para onde mandou transportar uma manjedoura, um boi e um burro, para melhor explicar o Natal às pessoas comuns, camponeses que não conseguiam entender a história do nascimento de Jesus. Com o tempo o costume se espalhou, mas sem perder sua função original de ser uma ferramenta de catequese e reflexão.

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Presépio da Paróquia São Vicente de Paulo montado pelo MJD em São Paulo.

Presépio da Paróquia São Vicente de Paulo montado pelo MJD em São Paulo.

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A reflexão proposta para o Natal

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Quando estamos esperando um ente amado e este demora a chegar, passamos a sentir um desconforto, uma ansiedade que nos vai tomando a medida que o tempo passa e que o encontro chega. Esse é um dos sentimentos que deve ser cultivado e vivido no Advento. A mesma expectativa da espera da pessoa amada deve ser sentida pela chegada do Deus Homem – Jesus Cristo, ponto central da fé Cristã.

A simplicidade nos leva a lembrar que Deus se fez Homem na História Humana e não em um “conto de fadas”. Ele assumiu todos os problemas da condição Humana e, ao vivenciar esses problemas no seu limite (passou fome, foi desprezado e injustiçado, se sentiu abandonado, lutou contra um sistema opressor de sua época…) “cresceu em sabedoria, estatura e graça” Lc 2:52, até ser reconhecido como O Filho de Deus.

“Deus se fez Homem e habitou entre nós” e ainda podemos continuar experimentando de sua presença pelo menos de duas formas. Como Batizados, somos parte do Corpo de Cristo e na comunhão desfrutamos da presença física do Cristo e em contra partida, por consumirmos desse corpo místico, nos tornamos “ferramentas” de Deus na História da Salvação da Humanidade.

Não podemos olhar o nascimento de Deus como algo externo a nossa vida, mas temos que nos ver agentes participantes da missão de Cristo. Também fazemos parte desse presépio quando deixamos esse Deus, Jesus Cristo, nascer no nosso coração e levamos o amor inspirado por Ele aos nossos irmãos.

A vida Cristã é uma vida participativa! E essa participação passa pela descoberta de que somos fragmento de um todo e que por isso, nos completamos a medida que cooperamos uns para com os outros. Isso é Reino de Deus.

MJD Brasil na JMJ 2013

por Frei Claudemir Rodrigues, OP.

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Inspirado pela experiência de grandes encontros de jovens oriundos de todos os recantos do mundo, em eventos especiais ocorridos nos Domingos de Ramos em Roma nos anos de 1983 e 1984, o Papa João Paulo II estabeleceu a Jornada Mundial da Juventude como um meio para alcançar a nova geração de católicos e ajudá-los a vivenciar melhor a sua fé.

A JMJ é a celebração da unidade e da diversidade. Pois o que poderia ser visto como barreiras, exemplo: o idioma e as diferentes culturas, tornam-se espaço para o crescimento e o acolhimento do outro, do irmão que vive a mesma fé, expressa em outra língua, com outros costumes, nos faz relembrar a Carta de Paulo que diz: há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. Há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. Há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. (1 Coríntios 12:4-6). E, por isso, uma expressão da certeza de que Deus trará para a humanidade uma nova época, da justiça, da paz e da fraternidade universal.

A JMJ não se trata de mais uma reunião de massa, ou mesmo de show, mas de um encontro de jovens que se vinculam em seus grupos de base e que se dispõe a celebrar sua fé com os demais, que a eles se conectam vindos dos diversos lugares do mundo, unidos pelos vínculos da mesma fé.

Logo, a JMJ é um evento. Possui uma proposta de integração e articulação das juventudes. Lógico que tal evento não está imune a críticas, e estas não são poucas, e são legítimas. Toda crítica é legítima, pois é a expressão da liberdade humana de pensar. Entretanto, não podemos nos deixar levar pelo pessimismo que paralisa e conduz à covardia. Precisamos enxergar este evento, pela ótica de sua proposta formal. E aproveitarmos todas as suas etapas para vivenciar com entusiasmo e paixão o amor pelo próximo que nos visita. Para nós, como cristãos dominicanos, isto não é nenhuma novidade, haja vista, ser nossa atenção e acolhida ao outro uma expressão de nossa obediência ao Pai. (Timothy Radcliffe, O.P. – Liberdade e Responsabilidade Dominicana).

Enquanto MJD Brasil, achamos por bem, vivenciar a experiência do JMJ 2013, no que se refere à estadia no Rio de Janeiro, pedindo hospedagem no colégio de nossas irmãs dominicanas, Colégio Santa Rosa de Lima. Lá ficarão todos os jovens que possuem contato com a Família Dominicana, a ideia é confraternizar em Família. Portanto, precisamos saber quantos jovens ligados ao MJD Brasil irão à Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro. Pedimos que nos deem essa informação o quanto antes, pois a proposta é formarmos grupos como MJD, os jovens viriam de suas realidades e chegando no Rio de Janeiro, deveriam se dirigir ao Colégio citado, para participarmos da JMJ como família dominicana no Brasil, unidos em nossa diversidade.

 Vamos aderir a este projeto, prepare seu grupo, mande seus dados, e vamos vivenciar este momento de confraternização família dominicana. E não esqueça de trazer sua alegria, vibração e alguma forma de expressão da sua cultura, música, dança, roupa, comida, para nas noites no colégio fazermos belas e animada noites culturais, e assim podemos acolher os jovens, nossos irmãos dominicanos, como você, de um modo bem nosso, bem brasileiro. Contamos com a participação de todos vocês.

Um forte abraço a todos e todas!

Fr. Claudemir R. da Silva, O.P.

 

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