Por Fr. Kevin Gabriel Gillien,o.p.
Traduzido por Thales Elero Cervi
No dia 8 de Novembro, nós Dominicanos relembramos nossos falecidos irmãos da Ordem, aqueles que, tendo completado sua missão em vida, se foram antes de nós, marcados pelo sinal da fé.
O vídeo a seguir mostra a tradição anual dos seminaristas que visitam o cemitério de nossos irmãos que se foram e rezam por eles:
Fr. Pius Pietrzyk, O.P. escreveu o seguinte artigo sobre a memória do dia de hoje: Eu me lembro de ter escutado uma vez a descrição das relativas vantagens das diversas ordens religiosas. Os Carmelitas eram a Ordem na qual você entrava para rezar, os Beneditinos a Ordem na qual você entrava para cantar, os Jesuítas a Ordem na qual você entrava para trabalhar. E quanto aos Dominicanos? Bem, reza a lenda que a Ordem dos Dominicanos era aquela na qual você entrava para morrer. Respondendo à réplica mais óbvia, a crença não vinha da dificuldade encontrada na vida da Ordem. Melhor, a Ordem sempre teve uma reputação de grande respeito pelos seus mortos. Há muito tempo nós Dominicanos temos costume e prática de dirigir nossas orações àqueles que se foram antes de nós. Em nossas casas ainda temos o costume diário de nos reunir no “claustro dos mortos”- local em nossos Priorados onde anteriormente os Freis da Ordem foram enterrados – para rezar o Psalm De Profundis pelos frades cujo aniversário de morte cai nesse dia.
Isso em conjunto com nossos inúmeros “Sufrágios” pelos mortos. Quando um irmão morre, todos os padres da Província celebram Missa por sua alma. Nossos conventos celebram missas semanais pelos irmãos falecidos. Nós até temos nosso próprio dia de finados – 08 de Novembro é o Dia dos Mortos Dominicanos, em memória aos nossos irmãos que se foram. Mas nossa preocupação com os mortos vai além dos Frades Pregadores através das missas e orações regulares oferecidas pelas nossas Irmãs Dominicanas, nossas famílias e nossos benfeitores. Até algumas práticas da Igreja com relação aos mortos tem vestígios Dominicanos. Os padres hoje em dia rezam três missas no dia de finados. Essa era uma prática dos Dominicanos na Espanha e depois foi estendida pelo Papa a toda a Santa Igreja. A mais antiga versão conhecida do Sequence Dies Irae do Dia de Finados foi encontrada em um Missal Dominicano. Alguns até especulam que foi escrito por um Frade da Ordem.
Ser um Dominicano é cultivar grande amor e cuidado pelos mortos. Isso é, como se diz hoje em dia, parte de nossa “espiritualidade”. Como São Tomás de Aquino ensinou, nós Cristãos somos unidos não simplesmente pela fé, mas também e especialmente pela caridade, pela graça concedida da virtude do amor. Como membro do Corpo de Cristo, nossas ações de caridade não se restringem a nós, mas são para beneficio do Corpo inteiro. Na morte a missão da caridade não se extingue – a vida muda, não se acaba. Ela muda para aqueles que gastaram toda sua vida edificando o que nós possuímos e agora a missão é nossa. Eles esperam nossas orações e trabalhos de caridade em socorro à purificação de suas almas. Seria extremo exagero dizer que o Dia dos Mortos é a maior festa na Ordem dos Dominicanos. Até porque, não precisamos de um dia especial para rezar por nossos mortos. É algo que fazemos diariamente.